Agronegócio
Abertura da Colheita do Arroz chega ao ponto alto nesta sexta
Ato oficial inicia a partir das 14h; discussões quanto ao mercado e reconhecimento de figuras destacadas marcaram a quinta-feira
Paulo Rossi -
Com discussões sobre o mercado e a projeção econômica da safra que se inicia, o penúltimo dia da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz foi marcado por intensas atividades contando com produtores, visitantes e figuras ligadas à cadeia orizícola. Entre os eventos, a entrega dos Prêmios Pá do Arroz a figuras de destaque do setor e discussões com projeções variadas foram atrativos ao público. Nesta sexta-feira (21), a partir das 14h, ocorre o ponto alto do evento: o ato de colheita do arroz, nas lavouras preparadas na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa, no Capão do Leão.
O evento deverá contar com a presença de autoridades, como o governador Eduardo Leite (PSDB), secretários e pessoas ligadas ao agronegócio. A feira inicia às 7h30min, com visitas às vitrines e as dinâmicas de equipamento ocorrendo ao longo da manhã. O encerramento do evento está marcado para às 17h. A expectativa, segundo o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul, Henrique Dornelles, é de pelo menos duas mil pessoas marquem presença, mantendo a média dos outros dois dias da celebração.
Fórum de mercado discute a safra
Com palestras, dinâmicas e um painel, a tarde desta quinta foi marcada por conversas sobre como ficará a questão financeira da safra. Na primeira fala, Agricultura 4.0 e os impactos da digitalização no campo, o agrônomo e jornalista Donário Lopes de Almeida ressaltou a importância de adaptar-se às novidades para não ficar ultrapassado. "Precisamos transformar a tecnologia em aliado, não em risco para o nosso negócio", explicou.
Na sequência, o painel Panorama do Novo Período Comercial, teve Dornelles, da Federarroz, além de Tiago Barata, representando o Sindicato da Indústria do Arroz no Estado do Rio Grande do Sul (Sindarroz) e Sérgio Roberto dos Santos Jr., economista que falava pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Santos trouxe análises do mercado internacional, como motivos para queda de preço e fatores de baixa. A recuperação da produção em locais como Bangladesh e Sri Lanka, e o crescimento das produções de Tailândia, Vietnã e Estados Unidos podem interferir na exportação. No entanto, ele é levemente positivo quanto ao crescimento dos preços. "A expectativa é de um mínimo viés de alta nos preços". A Conab projeta, segundo Santos, 7,5 milhões de toneladas a serem colhidas no Estado. "Apesar da quebra, é um grande volume para entrar em um tempo concentrado", explica. Com isso, espera uma grande amplitude de preços, mas sendo abaixo da média neste primeiro momento.
Barata, do Sindarroz, apresentou dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostrando que 77 indústrias de beneficiamento fecharam em dez anos. Neste período, porém, o beneficiamento tornou-se menos concentrado. "Um dos principais gargalos da nossa economia é a redução de consumo", garantiu, lembrando que em 20 anos, a população brasileira diminuiu o consumo em 17,1%. Para isso, diz que a indústria precisa se adequar a alternativas fáceis e baratas, mesmo com o custo de produção sendo alto.
Dornelles diz que conserva uma expectativa para a redução na produção nesta safra, com a quebra na Fronteira Oeste, devido às chuvas. Além disso, a luminosidade deve diminuir a produtividade. A oferta e demanda equilibrada. Menos de 2% da área foi colhida até o momento, o que prejudica qualquer projeção mais aprofundada, segundo ele. Para melhorar a rentabilidade, ele pediu ICMS competitivo, para abastecer indústrias de fora do Estado com arroz gaúcho. Há, também, a projeção de importar do Paraguai arroz para este ano. "Existe uma necessidade que a demanda brasileira não vai dar (…) não tem arroz suficiente até o final do ano", lamentou. Além deles, Antônio da Luz, economista chefe do Sistema Farsul, e Paulo César Tinga, ex-meiocampista da dupla Gre-Nal, palestraram aos produtores.
Ao Diário Popular, Dornelles explicou que acredita ser necessário terminar a "guerra fiscal" entre os estados. Porém, é otimista no preço a ser pago. Projeta superar os R$ 50,00 por saca com folga, ultrapassando os R$ 45,00 do ano passado. Ele acredita que a rentabilidade será boa para quem produzir de oito a dez mil quilos por hectare, e apertada ou no prejuízo para quem produzir oito ou menos.
Abertura deve continuar no Capão
Dornelles diz que está "99,9% garantido", que a Embrapa será a sede da abertura oficial também no ano que vem. O objetivo de interiorização fez ela ser na Zona Sul neste ano e, segundo ele, o local foi escolhido pelo berço do desenvolvimento da rotação arroz-soja.
Pá do Arroz é entregue
Pessoas do setor orizícola, com reconhecido destaque, receberam a honraria da Pá do Arroz no final da tarde. Segundo a Federarroz, organizadora do evento, a premiação é "entregue anualmente a orizicultores que estão trabalhando em soluções para o setor em meio à crise que assola a produção arrozeira do Estado". Um deles, o produtor regional Carlos Iribarrem, recebeu o reconhecimento Lavoura Nota 10. Ao Diário Popular, disse que reconhecimento é sempre bom. "Eu sempre fui classista. Sempre me envolvi. Gosto muito do que faço". Atualmente, ele planta em 1.160 hectares de arroz, arrendados, na região. Para superar a crise, diz que é necessário equilibrar a oferta e a demanda.
Confira os homenageados:
Lavoura Nota 10 - Carlos Alberto Prestes Iribarrem
Lavoura Pioneira - Werner Arns
Homenagem Especial - João Antônio Rosa da Luz
Homenagem Especial - Miguel Guedes
Homenagem Especial - Eder Leomar dos Santos
Técnico Estadual - André Matos Barros
Técnico Federal - Júlio José Centeno da Silva
Inovação - Indústria Bastiani
Competitividade - Frederico Bergamaschi Costa
Mercado Externo - Pércio Machado Greco
Amigo da Lavoura - João Alberto Dutra Silveira
Pioneirismo - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (UFPel)
Homenagem Especial - Covatti Filho
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